Revista LeMan defende que desenho não visava ofender profetas; manifestações e ordem judicial marcam caso

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A polícia turca deteve ao menos quatro cartunistas ligados à revista satírica LeMan na segunda-feira (30), após a publicação de uma charge que autoridades afirmam retratar os profetas Maomé e Moisés apertando as mãos enquanto bombas caem ao fundo. A ilustração, que viralizou em redes sociais quatro dias depois de seu lançamento, levou centenas de manifestantes a protestarem em Istambul, gritando “Alá é Grande” e exigindo aplicação da lei islâmica na principal via turística da cidade.
O ministro do Interior, Ali Yerlikaya, compartilhou vídeos nas redes mostrando os cartunistas sendo algemados e retirados de casas, afirmando que “esses indivíduos sem vergonha serão responsabilizados perante a lei” e classificando a charge como provocação e ofensa aos valores religiosos. Autoridades abriram uma investigação com base no artigo 216 do Código Penal turco por “insulto público a valores religiosos”.
A LeMan contestou as acusações, esclarecendo que o nome “Maomé” na peça representa um muçulmano fictício morto em bombardeios e não o profeta islâmico. A revista defendeu que não houve intenção de desrespeitar símbolos religiosos e lamentou que a charge tenha sido “mal interpretada”. Ainda assim, pediu desculpas a leitores que se sentiram ofendidos.
Manifestações se intensificaram com confrontos e uso de gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes. Alguns grupos preparam novos protestos, enquanto o governador de Istambul advertiu sobre ações provocativas e solicitou que multidões se retirem para preservar a ordem pública.