Últimos sinais políticos apontam direção moderada para a relatoria, enquanto oposição visa garantir protagonismo

Reprodução/Agência Brasil
As siglas envolvidas na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS intensificam articulações para definir os nomes que ocuparão cargos-chave, especialmente quanto ao perfil do relator, que deverá ser um deputado do chamado Centrão. A Presidência da Câmara, liderada por Hugo Motta (Republicanos‑PB), busca equilíbrio: não quer um nome abertamente governista nem entregar a relatoria diretamente aos opositores.
A oposição, que idealizou a abertura da CPMI após denúncias de fraudes massivas em descontos no INSS, tenta garantir relatoria para um parlamentar crítico ao governo. O líder da oposição na Câmara, Luciano Zucco (PL‑RS), defende seleção independente do plano governista, alegando que “não pode haver blindagem”. Já o PL pressiona para indicar nomes como Coronel Fernanda (PL‑MT) ou Mendonça Filho (União‑PE), que teriam perfil neutro.
Do lado governista, cresce a expectativa pela indicação do senador Omar Aziz (PSD‑AM) à presidência da CPMI, enquanto a relatoria seguiria para a Câmara, com provável escolha entre parlamentares do PSD ou partidos de centro. O presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (União‑AP), ainda precisa marcar formalmente a instalação da comissão, que começa a operar efetivamente apenas após o recesso de julho.
A estrutura da CPMI será composta por 30 membros, 15 deputados e 15 senadores, com participação proporcional aos partidos. A instalação está prevista para o segundo semestre, após a definição de integrantes e eleição formal de presidente, vice e relator.
No meio político, a dificuldade será equilibrar a legitimidade da investigação sem transformar a CPMI em instrumento de desgaste político direto contra o governo Lula. Motta defende um perfil moderado para relator, confiando num nome de “centro” capaz de manter independência.
Enquanto isso, o governo tenta frear o desgaste, argumentando que já há ações em curso como a Operação Sem Desconto, da PF, que identificou R$ 6,3 bilhões em fraudes entre 2019 e 2024. A reta final de negociações até agosto deve definir se a CPMI assumirá postura estritamente técnica ou será palco de embates partidários.